Parece que falta raciocínio
lógico e inteligência matemática a essa gente que pilota o país. Pela rota que
vem sendo traçada não aparenta haver a mínima noção de um plano de vôo. Na maior farra, jogam com os números, com os
preços, com os aumentos. Como podem estabelecer valores sem se debruçarem sobre
uma planilha de custos? Como? A resposta
é tão simples quanto fácil. Lá de onde nos olham, sem nos enxergarem, eles
lidam apenas com elementos da dita macro-economia, não que entendam muito deste
ramo especializado da Economia. A questão é que só tratam de milhões, bilhões.
Diante de tais cifras as pessoas e as vidas humanas se apequenam, seus dramas e
suas tragédias se tornam coisa minúscula, mero detalhe, desconsiderado nas
decisões que tomam e no resultado das vultosas somas com que lidam. Eles – os
que nos governam – simplesmente não pensam nisto. Nem consciente, nem
inconscientemente refletem, tão ocupados que estão com as tantas lidas do
poder, entre trajes e solenidades.
Essa falta de raciocínio é bem
plausível, afinal a maioria quase absoluta dos que ascendem aos mais altos
postos de governo são muito versados em outros tipos de habilidades. Dotados de
grande inteligência interpessoal, conseguem captar desejos e carências alheias
e com essa facilidade seduzem eleitores com promessas, receita de sucesso na
seara política. Alguns poucos possuem alta inteligência lingüística, hábeis na
arte de iludir com as palavras, mas mesmo estes se mostram torpes nas contas com
números. Ou não sabem ou fingem não saber.
Pelo que agora vamos descobrindo,
a sangria do país vem sendo praticada a várias mãos, a golpes de caneta, entre
papéis e assinaturas. É de se pensar até que no meio da papelada surjam
personagens que realmente tenham assinado sem ler ou lido sem entender. Isso é
bem plausível, afinal, quem de nós pode dizer que jamais assinou papéis sem
ler? Estes personagens, no entanto, só serão autênticos se a eles não estiver
associada alguma vantagem. Do contrário se juntarão aos tantos que juram
desconhecer enormes depósitos feitos em suas próprias contas bancárias e não se
preocupam em explicar sua injustificável riqueza.
O fato que aqui quero refletir é
que o raciocínio lógico-matemático, coerente e racional tem estado ausente da
gestão política e econômica, em todas as instâncias deste enorme país, do mais
miúdo dos municípios até a sede da capital federal. Parece que ninguém vem
fazendo as contas e olhando os números, a não ser para puxar a brasa para sua
sardinha. Essa atitude, infelizmente não é novidade, basta lembrar o maior
confisco da economia brasileira na história recente. Há 25 anos, o governo
confiscava todo o dinheiro das contas bancárias do país, deixando apenas Cr$
50.000,00, equivalente a pouco mais de treze salários mínimos da época.
Passou-se um tempo até que a ministra da economia de então confessasse que o
valor deixado nas contas não havia sido fundamentado em cálculos; fora escolhido
aleatoriamente, sem razão alguma. E até hoje os processos decisórios públicos
continuam acontecendo assim aleatórios, visando interesses imediatos,
indiferentes as mais sérias conseqüências coletivas. Está faltando ética,
compromisso social, mas também raciocínio lógico-matemático nas decisões dos
governos.
Por tudo que já vivemos e ainda
estamos vivendo, neste inicio de ano letivo é pertinente fazer um pedido a pais
e professores. Por favor, por amor ao futuro das novas gerações, além de
cultivarem valores éticos, estimulem o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático
de nossas crianças. Quem sabe no futuro possamos ter lideranças mais coerentes,
sensatas e capazes de acertarem as contas e construirem um Brasil justo e
decente.
(publicada Jornal Agora - em 07/03/2015)
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