quarta-feira, 23 de setembro de 2009

FELIZES ERROS NOVOS

Caderno Mulher Interativa
05/01/2008
   A celebração festiva da virada do ano se ajusta muito bem a mudanças de rumo na vida. Em meio ao show pirotécnico do dia 31, parece de especial valor olhar para o céu e dizer para si mesmo: de hoje em diante passarei a fazer isto ou deixarei de fazer aquilo. Lançar um compromisso derradeiro ao infinito e todas as suas estrelas. Lógico que se pode fechar e abrir ciclos a qualquer momento do ano. Essa é das poucas liberdades concedidas por nosso arbítrio – que pensamos ser totalmente livre. Podemos fazer radical virada no Carnaval – muitos o fazem, mas o resultado nem sempre é sustentado a sério quando o momo acaba. Podemos resolver dar uma guinada existencial no dia 1º de abril, porque não? Ah! Vai parecer que é brincadeira, puro chiste.


    Mas o que poderia ser tão importante que merecesse uma jura ao firmamento? Que mudança ensejaria um ganho existencial realmente significativo? Talvez dar definitivo adeus aos velhos erros do passado e encarar o futuro com a determinação de apenas cometer novos erros. Não se diz que é errando que se aprende? Se diz e o ditado parece bastante sábio, mas repetir os erros é como ficar repetindo lições por não terem sido aprendidas. E nisso a vida se parece com uma exigente escola que só passa o aluno quando ele realmente dominou o conteúdo.

   A fase do ensaio e erro é natural na infância, na qual tombos saram com sopros e beijinhos. Passa pelos perigosos tropeços da adolescência e juventude, capazes de erros fatais com seus arroubos. Evolui para a fase adulta, em que a maturidade tira melhor proveito das falhas, reparadas no que for necessário. Quando adentramos na curva descendente da existência a coisa muda novamente e nossas faltas vão ficando irretocáveis e até mesmo irreparáveis. Temos menos cartuchos para queimar e é preciso acertar nossas escolhas. É quando se precisa estar atento, pois as quedas deixam de fazer graça, fraturam ossos, dilaceram o coração, marcam a alma. Aprender com os erros se torna vital quando já não se tem tempo para perder.

   O tempo voa, não temos asas e há muito a ser aprendido, por isto vale tirar proveito dos erros alheios. Não haverá oportunidade de errarmos todo o necessário para nos tornarmos sábios numa só passagem terrena. Certo, certo, pode ser que a gente volte várias vezes para complementar o percurso. Mas, por via das dúvidas e até para abreviar o trabalho, melhor ir aprendendo todo o possível com os erros nossos e dos outros. Só não vale errar de propósito – imaginando acumular créditos de aprendizagem. Gente, trapaça não! Só os erros involuntários contam e são valiosos em nosso percurso.

   Em 2008, desejo que consigamos dar definitivo adeus aos erros velhos e que sejamos mais felizes com nossos erros novos.

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