O fundador, Brigadeiro José da Silva Paes, cuja figura está postada numa estátua na Praça em frente da Prefeitura Municipal, foi um homem de mente aberta, espírito culto e inclinação filosófica. Além de possuir uma biblioteca com livros devotos (comuns ao português oitocentista de boa posição), livros de filosofia, de geometria e trigonometria, de medicina, de cirurgia e de história, participou da “Academia dos Felizes”, no Rio de Janeiro.
Assim, em função da privilegiada localização geográfica, foi fundada a cidade do Rio Grande, num dia em que os astros estavam combinados a seu favor, por um homem muito acima de seu tempo. A fundação foi iniciada pela construção de um forte, cuja planta configura claramente uma estrela de seis pontas, conhecida como a “Estrela de Davi” ou “Selo de Salomão”, que é um símbolo judaico, mas pertence também a cultura oriental, como referido por Aveline no artigo já mencionado, que pode e merece ser lido na íntegra no site WWW.RioGrandeTeosofia.com.
Rio Grande evoluiu, foi capital da província e viveu um ciclo longo de desenvolvimento. Mas a fase das vacas gordas, das variadas fábricas, dos teatros e cinemas, foi sucedida por um sombrio tempo de vacas magras, estagnação e esquecimento, no qual só não foi fechado e mudado de lugar o Porto, por absoluta impossibilidade de ser daqui retirado. O espírito de desesperança foi tomando conta, anestesiando as pessoas e levando a um total esquecimento de tudo aquilo que fazia desde um lugar especial para se viver.
O pensamento se tornou miúdo diante das adversidades e a visão de curto prazo fez esquecer sua origem, sua história e também suas riquezas perenes, como a natureza privilegiada pelas águas do Oceano e da Laguna. Fechando os olhos para o que era importante, a cidade se voltou para dentro, ensimesmou-se: deixou de enxergar sua beleza e sua vocação natural.
O ciclo de obscurecimento, que para os pessimistas era dado como eterno, foi revertido recentemente. Hoje se respira um ar de transformação: a cidade se renova e se expande, para alegria de uns e temor de outros. Se há muitos que criticam e reclamam das mudanças, já não há mais quem possa duvidar de que a cidade se tornará outra num curto espaço de tempo.
Assim funciona e se cumpre a Roda da Vida: vivemos hoje um novo momento e temos o que celebrar. Esse novo ciclo não será eterno e nem perfeito, pois assim são todos os ciclos, mas é um momento especial. Esse Rio Grande pulsa vibrante, transpira vida, renasce, merece nossa coletiva homenagem.
Feliz Aniversário Rio Grande!
publicada em 19 de fevereiro de 2011